O forte calor acende o sinal de alerta em relação a pragas urbanas como escorpiões, moscas e ratos. Com as altas temperaturas, alguns desses animais se reproduzem mais rapidamente, resultando em uma explosão populacional. Não raramente, buscam locais mais arejados, inclusive o interior das residências.
Medo, aflição, repugnância são sentimentos comuns ao se deparar com esses bichos, alguns deles peçonhentos. Os escorpiões, uma das pragas mais comuns e perigosas, fizeram 466 vítimas em Belo Horizonte neste ano. Somente neste mês, o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) atendeu 55 pessoas picadas.
Outro sinal de que a situação é crítica é o aumento da procura por dedetizadoras. O setor registra um acréscimo de 20% na demanda.
Se a situação está ruim agora, a tendência é piorar com a chegada das chuvas. A água alaga os abrigos de insetos, aracnídeos e roedores, que procuram lugares secos. O clima quente e úmido também acelera ainda mais a reprodução de algumas espécies.
“A partir de outubro, começa a época crítica em relação ao aparecimento de pragas. Isso porque, quando está mais quente, elas acabam saindo dos abrigos. Assim que as chuvas chegarem, a situação irá se agravar ainda mais, já que a reprodução será intensificada”, explica a bióloga da Associação Mineira de Empresas Controladoras de Pragas (Minasprag), Mariana Capistrano Cunha.
Dedetizar o imóvel periodicamente ajuda, porém, nada disso tem efetividade se cuidados básicos não forem tomados, como manter alimentos acondicionados em recipientes com tampa, evitar acúmulo de lixo e entulho e não deixar água parada.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a Gerência de Controle de Zoonoses atua com medidas permanentes de prevenção. Em casos extremos (surgimento de escorpiões, por exemplo), a prefeitura presta orientações pelo telefone 156. “À medida que recebemos os chamados, uma equipe vai ao local, vistoria a residência e dá as recomendações necessárias para aquela situação”, afirma a gerente de Controle de Zoonoses, Silvana Pecles Brandão.
Moradora do bairro São Luis, na Pampulha, Juliana Renault Vaz investe em prevenção para controlar pragas. Além de adotar medidas simples, como manter o quintal limpo, ela não abre mão da dedetização contra pernilongos a cada 30 dias. A cada seis meses, Juliana faz o controle de ratos e baratas.
“Tenho um quintal grande. Por isso, todo cuidado é pouco. Estou com um problema grave com ratos. Semana passada, também havia muitos pernilongos. Só reduziu porque realizei a dedetização”.
Médica orienta o que fazer em caso de picada
Picadas de escorpião e aranha podem evoluir para casos graves. Médica toxicologista do Hospital João XXIII, Luciana Reis da Silveira alerta para as complicações, principalmente em crianças e idosos. Os sintomas incluem formigamento, dor, suor e irritação no local da picada, mas também podem ocorrer alterações cardíacas e vômito.
A médica orienta lavar a área ferida com água e sabão e procurar uma unidade de saúde. Se for possível, capturar o animal e levá-lo (em um pote de vidro, por exemplo) para o local de atendimento. A identificação poderá contribuir com a agilidade no tratamento. Nos casos mais graves, pode-se acionar o Samu, pelo telefone 192.
“A pessoa não deve fazer torniquete, pois isso só agrava o edema. Também não é recomendado tomar remédios antes de consultar o médico”, afirma Luciana.
Dúvidas sobre intoxicação por picadas e produtos podem ser esclarecidas pelos telefones 0800 722 6001 e (31) 3239-9308.
Fonte: Jornal Hoje em Dia